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Foto do escritorSeneca Evercore | Notícias

Volta dos IPOs deve ficar só para 2025, nas previsões mais otimistas

(Folha de S. Paulo) Companhias, porém, mantêm conversas aquecidas com investidores e bancos à espera de oportunidades na Bolsa


No início do ano, as expectativas eram altas de que uma nova janela de IPOs (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) se abriria no segundo semestre deste ano no Brasil. Naquela época, falava-se em queda de juros ao longo do ano, e analistas projetavam a taxa Selic de volta a um dígito.

Mas neste segundo semestre, após estimativas apontarem piora na inflação e o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central colocar a possibilidade de alta dos juros de volta na mesa, analistas não esperam mais que empresas tenham confiança para abrir capital na Bolsa neste ano.

O país está na seca de IPOs desde 2022, após o BC iniciar um ciclo agressivo de alta de juros e manter por um ano, até agosto de 2023, a taxa inalterada no patamar de 13,75%.


"Antes de o Banco Central falar em alta de juros, estávamos já mais céticos com a retomada dos IPOs neste ano, e isso agora se mostra cada vez mais longe, tanto na nossa visão como na de especialistas que consultamos", diz Rafael Santos, sócio e especialista em IPO na consultoria Ernest & Young Brasil.


Para Santos, é difícil ainda prever como será o cenário para o mercado de capitais em 2025, por isso, ele prefere não fazer nenhuma projeção nesse sentido.


"A chance é grande de errar na previsão. Pode ser um ano melhor, mas precisamos ainda superar algumas coisas. Estamos esperançosos para 2025. Essa é a palavra ideal, não estamos otimistas, estamos esperançosos", afirma.


Além da questão da inflação e da possibilidade de alta dos juros, ele diz que o Brasil ainda precisa sedimentar uma agenda de reformas econômicas e organizar melhor sua política fiscal.


Os especialistas lembram, porém, que mesmo com as dificuldades de previsibilidade, as companhias estão animadas para a próxima janela de oportunidade de IPOs no país. Segundo Santos, a EY vive busca maior do que a média histórica de empresas que estão interessadas em saber se estão preparadas para abrir capital na Bolsa. "Elas estão fazendo o dever de casa", diz.


Leonardo Resende, superintendente de Relacionamento com Empresas na B3, endossa a visão sobre esse cenário. Ele conta que muitas vezes as oportunidades de abertura de capital na Bolsa acontecem muito rapidamente, por isso as companhias entendem a importância de estar preparadas.


"O que continua acontecendo agora são as conversas com investidores, os bancos continuam assessorando, a gente vê conferências acontecendo e uma conversa muito ativa com o investidor para que o radar esteja muito afinado do empresário ou da empresária na tomada de decisão", afirma.


O superintendente da B3 destaca que um dos principais fatores de decisão sobre se uma companhia vai ou não fazer IPO agora é a variação de preço que a companhia vai ter. Ou seja, os empresários querem saber em que preço será fixada a oferta de ações e o quanto eles terão de contrapartida financeira na venda de uma parcela da empresa.


"Esse preço precisa ser interessante para o empresário e para o investidor, considerando o retorno, para que aconteçam os IPOs. E aí entra a questão de taxa de juros", diz.

"O cenário de renda fixa tem sido muito interessante para o financiamento das empresas. A gente vê em 2024, até agora, um número superior ao que a gente teve no total de 2023 de emissões de renda fixa privada, sendo debêntures, CRIs, CRAs. Então, a gente tem o financiamento acontecendo mais num ambiente de dívida e de renda fixa, e menos de oferta de ações", completa.


Para Daniel Wainstein, sócio fundador da assessoria financeira Seneca Evercore, seria preciso um conjunto de fatores para que uma janela de IPO se abra no curto prazo.

Muitos analistas esperam que um corte de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano, torne o ambiente mais favorável. Mas Wainstein diz que não vê isso se refletindo na taxa básica Selic, já que a atividade econômica no Brasil está forte.

Na quarta-feira (4) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou dados fortes do PIB (Produto Interno Bruto), que cresceu 1,4% no segundo trimestre. A aceleração ficou bem acima do 0,9% que projetava o mercado, segundo levantamento da Bloomberg.


Wainstein diz acreditar que, se uma nova leva de IPOs não vier em 2025, ela só virá em 2027, já que 2026 será ano eleitoral, o que deixa o cenário muito incerto no mercado financeiro, especialmente por causa da polarização observada nos últimos anos.

Para o economista, porém, não haver uma janela de oportunidade de abertura de capital na Bolsa não é necessariamente ruim. Ele observa que o mercado de crédito evoluiu, e as companhias têm conseguido se capitalizar vendendo papéis de dívida de longo prazo a condições favoráveis, sem precisar ingressar no mercado acionário e sem depender dos bancos.


"Não ter IPO deixou de ser a catástrofe que já foi", afirma. "Abrir capital na Bolsa deixou de ser a única alternativa de capitalização, o que é positivo. As janelas acontecem a cada dez anos em média e, para aproveitar essa oportunidade, muitas empresas entravam no bolo e faziam IPO estando despreparadas. Isso é negativo tanto para a companhia como para os acionistas", afirma.



Nos últimos dez anos, 93 companhias abriram capital na Bolsa de Valores de São Paulo, sendo que 85 companhias continuam listadas. A grande maioria desses IPOs aconteceu entre 2020 e 2021, quando o país viveu um boom nesse sentido.


Do total das que ainda estão listadas, ao ajustar o preço fixado pelo CDI acumulado —taxa que serve como baliza no mercado de capitais—, somente sete empresas, ou seja, 8,2%, tiveram resultado positivo em relação ao preço de estreia na Bolsa, segundo levantamento de Seneca Evercore. São elas: Ambipar, Cury, GPS, Orizon, PetroReconcavo, Caixa Seguridade e Wilsons Sons.


Em termos nominais, sem o ajuste pelo CDI, 22 ações tiveram desempenho positivo em relação ao seu preço fixado no IPO, ou seja, apenas 25,8%, ainda de acordo com a Seneca.


Entre as companhias que tiveram um pior desempenho estão aquelas mais sensíveis a altas de juros, como tecnologia, varejo e imobiliário, que, por sua vez, lideraram os IPOs entre 2020 e 2021, quando a taxa Selic em um patamar mais baixo impulsionou o mercado de ações no país.



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