(Valor Econômico) Daniel Wainstein, sócio da butique financeira, aponta três tendências nas transações atuais
Maria Luíza Filgueiras
O volume de fusões e aquisições foi fraco no primeiro semestre no mercado brasileiro, mas os banqueiros andam animados com o número de novos mandatos para potenciais transações - ainda que os acordos finais saiam diferentes do inicialmente esperado. A turma mais sisuda da área dívida (DCM) anda muito mais sorridente do que os antes otimistas bankers no segmento de ações (ECM) e tirando até um naco da turma de M&A. Numa análise dos movimentos de mercado, Daniel Wainstein, sócio da Seneca Evercore - que atua em M&A, dívida e pré-IPO -, vê três tendências:
IPOs em 2027: "Se eu fosse apostar qual será a próxima janela de aberturas de capital, apostaria em 2027. Não teremos IPOs este ano, o que já é consenso até nos mais otimistas bancos de investimentos. No ano que vem, não vejo gatilho de melhora, mudança no cenário que estamos hoje em termos econômicos e políticos. Quem entrou em IPO nos últimos cinco anos no Brasil quebrou a cara, então precisa de mais do que isso para engajar o investidor. Em 2026, entramos na corrida eleitoral presidencial quando, historicamente, são anos fracos para IPOs."
Venda de controle vira minoritária: "Muitas transações que começam como venda de controle têm se transformado em venda de participação minoritária por conta de preço, dada a diferença de expectativa de vendedores e compradores e o referencial em bolsa. O empresário que já estava pronto desde a pandemia para vender sua companhia e por isso prefere não fazer aporte agora, aceita um sócio minoritário que entre com caixa ou que lhe dê liquidez parcial. Os fundos de private equity têm feito muito isso: 'olha, estou te pagando um bom preço para ser minoritário hoje, vamos crescer juntos e vender lá na
vender lá na frente por mais'."
M&A competindo com dívida: "Tivemos na última temporada a leva de empresas que iam para o IPO e acabaram em RJ, sem o fôlego de dinheiro novo. Hoje o que temos é um mercado de dívida forte, com emissões de CRIs com prazos de 15 anos, por exemplo. É a maior evolução que tivemos no mercado de capitais brasileiro nos últimos anos, as emissões ocupando uma fatia que era só dos bancos. Quando o equity deixa de ser opção, essa dívida tem suprido e ela não tem nada a ver com valuation. O que compete com M&A hoje não é IPO, é a dívida no mercado de capitais."
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